Lançado pela Warner, Urubu é o décimo álbum de Antonio Carlos Jobim. Escolhido um dos 10 melhores discos da história da MPB pelo júri comandado por André Domingues, autor do excelente Os 100 Melhores CDs da MPB (Editora Sá). Sobre o álbum, André escreve o seguinte:
"Em 1976, quando lançou o antológico Urubu, Tom Jobim era tido como um gênio da música popular internacional, o que lhe permitia conceber discos sem ter de se adequar à suposta receptividade do mercado. Acontece que, depois de brilhar na explosão mundial da bossa-nova, emplacar inúmeros sucessos nos 4 cantos do planeta e ser aclamado em massa por músicos como o mito Frank Sinatra(com quem gravou 2 discos nos anos 60), o maestro carioca já não tinha mais nada a provar. O belo e delicadoUrubu é o que se pode chamar de um álbum feito para si, pois exala o carinho e a despreocupação de alguém que arruma sua própria cama. Tudo saiu exatamente como foi planejado pelo autor, que, inclusive, optou por bancar sozinho toda a produção e depois oferecer o disco à Warner. Entre os muitos cuidados que teve, estão a escolha de Claus Ogerman para a criação dos arranjos, a resolução por gravar tudo em estúdios norte-americanos – o que já vinha fazendo havia um bom tempo, pela qualidade superior que tinham na época – e a seleção de excelentes músicos para acompanhá-lo: João Palma (bateria), Ron Carter (contrabaixo) e Ray Armand (percussão). A definição do repertório, quase todo de sua autoria, também não visou às paradas de sucesso, ainda que a primeira faixa, “O Boto”, tenha obtido ótima repercussão (...), que traz a única participação especial do disco, feita pela cantora Miúcha. Outra faixa memorável é “Correnteza”, de Jobim e Luís Bonfá, que, embora tivesse registros anteriores, só ficou conhecida a partir de Urubu. Há também uma releitura da famosa “Lígia”, com versos diferentes dos originais, que tem uma história curiosa: Jobim a compôs sozinho no início dos anos 70, mas em 1974, depois de já gravada por artistas como João Gilberto e Stan Getz, Chico Buarque resolveu alterar alguns trechos da letra, mas não aceitou a co-autoria, deixando uma confusão entre as duas versões. A então inédita “Ângela”, um foxe lento, fecha em grande estilo a coleção de canções do disco, com sua melodia bonita e sofisticada. A segunda parte de Urubu é composta por temas orquestrais que, sem a pretensão de marcar a música erudita contemporânea, recordam a vontade adolescente de Jobim de se tornar um concertista, trazendo à tona a influência que recebeu de Villa-Lobos – seu preferido -, Bach, Ravel e Debussy. O primeiro tema é o nostálgico “Saudades do Brasil”, que os músicos da Sinfônica de Nova Yorke, particiántes da gravação, aplaudiram de pé. Em seguida vem o lírico e introspectivo “Valse” (de autoria de Paulo Jobim, seu filho) e, depois, o contemplativo “Arquitetura de Morar”, de longo desenvolvimento. Encerrando essa segunda parte, Jobim registrou “O Homem”, um tema tenso e épico, composto sobre o ritmo vibrante da marcha para sua obra “Brasília: Sinfonia da Alvorada”, dedicada à capital do Brasil.” (pg. 26-27)
Faixas:
1. Bôto (Porpoise) (Jararaca - Tom Jobim) Participação: Miúcha
2. Ligia (Tom Jobim)
3. Correnteza (Tom Jobim - Luiz Bonfá)
4. Ângela (Tom Jobim)
5. Saudade do Brazil (Tom Jobim)
6. Valse(Paulo Jobim)
7. Arquitetura de morar (Architecture to live) (Tom Jobim)
8. O homem (Man)(Tom Jobim)
Antônio Carlos Jobim - piano , piano elétrico , guitarra
Harry Lookofsky - violino
Joe Farrell - soprano saxofone
Urbie Green - trombone
Hubert Laws - flauta
Ron Carter - contrabaixo
João Palma - drums
Everaldo Ferreira - conga
Claus Ogerman - arranjador / maestro / produtor
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